24 de nov. de 2011
Solidão de Lobos
Lobos noturnos
Ou amanhecidos
Aquecidos pela Lua ou pelo Sol
Auroras encantadas,
Assanhadas, despudoradas,
O uivo sedutor, perdido, desolado
Em madrugadas cantantes e frias,
A poesia maldita cortou a garganta,
Engoliu a saliva e seguiu errante
Como alma amante, e o soluço da fera
Aprisionada nos portais da Lua,
Recolhendo a dor, uivando na imensidão,
Feridos, alimentados pela paixão, ilusão,
Estamos como lobos...
Castos, embriagados e loucos,
Comemos a noite com sofreguidão
Lambemos a Lua, beijamos o Sol,
Desejos saciados, almas em cio,
Uivos silenciosos, noites de arrepio,
Corpos suados, gozo febril,
Do universo céu à imensidão anil,
Feras nuas... noites vãs... febre e paixão
Somos assim, mente e coração,
Jogando com o não e o sim,
Mas sempre o fim...
Lobos em solidão!
Paulo Carvalho